Benetton B194: Um carro de outro regulamento com rival de outro planeta.

No inicio dos anos 90, a Williams era considerada a equipe detentora dos chamados carros de “outro planeta” que faziam seus pilotos por vezes serem meros apetrechos em meio tanta tecnologia.

Nos anos anteriores os carros da Benetton já se aproximavam em alguns aspectos dos carros da Williams e por vezes batendo a também muito forte McLaren que era tida como a segunda força da categoria.

3 potencias e os 3 melhores pilotos da época em sequencia: Senna, Prost e Schumacher.
3 potencias e os 3 melhores pilotos da época em sequencia: Senna, Prost e Schumacher em 1993.

Como sucessor natural do B193, o carro de 1994 foi concebido pelo trio Ross Brawn, Nicolas Tombazis e o Genial projetista Rory Byrne, e tinha Flavio Briatori chefiando a esquadra da Benetton que trabalhava firme para o jovem e arrojado Michel Schumacher.

Por outro lado o “Dream Team” de Frank Williams tinha como projetista o inovador e eficiente Adrian Newey e Patrick Head liderando o time inglês com o ímpeto de dar ao grande Ayrton Senna um carro tão imbatível quanto os modelos de 1992 e 1993.

O ano começou com mudanças significativas no regulamento, como a saída da suspensão eletrônica e outros apêndices que facilitavam a pilotagem afim de tornar a categoria um pouco mais “humana”.

O B194 tinha os motores Ford EC/A Zetec-R  V8 de 3,498cc à 75º que rendia cerca de 750cv de força, 70cv a menos que o poderoso V10 Renault que equipava os FW16 da Williams.

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O V8 Ford era acoplado com uma transmissão semiautomática de 6 velocidades transversal desenvolvida pela própria Benetton formando um conjunto de ligeiros 515kg que compensava com agilidade em curvas a falta de potencia em relação seus rivais de motores V10.

Em sua estreia no GP do Brasil de 1994, a Benetton mostrou dificuldades em uma pista rápida e com trechos em subida como Interlagos, mostrando o quanto os motores V10 Renault surravam os Ford-Cosworth V8, com Senna virando o tempo de pole em 1min15s962 contra 1min16s290 de Schumacher.

Logo na estreia a Benetton mostrou seu grande trunfo nos pits, que em geral eram 1s mais rápidos que todas as outras equipes, dando a Schumacher a ponta do GP do Brasil devido ao seu “super rápido” Pit Stop mesmo parando ao mesmo tempo que Senna na volta 21, fazendo o brasileiro forçar mais que o necessário afim de retomar a liderança.

O alemão rumou sem problemas para a vitória em Interlagos, após Senna rodar logo atrás de sua Benetton a poucas voltas do fim e abandonando a corrida.

moremsportshistoryPorém toda essa eficiência caiu por terra no GP da Alemanha, quando Jos Verstappen parou na volta 15 para fazer seu pit, e a válvula de fechamento da mangueira de alta pressão não se fechou espalhando combustível por todo carro.

O carro do Holandês virou uma bola de fogo ao tocar os escapes do carro que liberavam gases com temperaturas superiores a 700º Celsius, levando a FIA investigar o acidente mais afundo.

carro-do-holandes-jos-verstappen-explode-nos-boxes-da-benetton-no-gp-da-alemanha-de-1994-1312393072818_615x300As mangueiras de combustível eram produzidas por uma única empresa a francesa Intertechnique, que fornecia equipamentos para todas as equipes, que por sua vez tinham que utiliza-las de acordo com as regras da FIA, porém os técnicos da Benetton retiraram um dos filtros para aumentar o fluxo de combustível injetado no carro, fazendo pit stops muito mais rápidos que as outras equipes, infligindo assim o regulamento.

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Um carro de tão baixa potencia em motor que faturou 6 das 7 primeiras corridas do ano foi alvo de outras suspeitas e denuncias (algumas delas feitas até pelo próprio Senna) em relação ao seu sistema de controle de tração(disfarçado em seus rústicos computadores de bordo) e sistemas de controle de largadas e entres outras possíveis irregularidades que nunca foram de fato encontradas e comprovadas perante a FIA.

O B194 de Schumacher foi desqualificado em 2 ocasiões, recebendo punições no GP da Inglaterra e na Bélgica, onde teve sua vitória anulada por ter um desgaste acima do permitido na prancha de madeira no assoalho do carro.

O alemão viria ser substituído por J.J. Letho nos GPs da Itália e Portugal, dando a oportunidade do Inglês Damon Hill tirar a diferença em pontos na tabela chegando na ultima prova do ano com possibilidade de títulos tanto para Schumacher quanto para Hill.

hillschumacherO GP de Adelaide de 1994 teve mais uma polêmica envolvendo carros da Benetton mas desta vez irregularidades mecânicas ou eletrônicas não foram as protagonistas, mas sim seu piloto Michel Schumacher que ao perceber que seu rival e concorrente direto ao titulo Damon Hill iria inevitavelmente ultrapassa-lo, após erro do alemão (o FW16 já se mostrava superior novamente) joga seu carro em direção ao inglês da Williams.

Schumacher passa direto e colide na barreira de pneus e Hill se esforça e tenta continuar mas a colisão quebra sua suspensão acabando com o campeonato e o alemão sendo favorecido e faturando o titulo de pilotos por 1 ponto.

Alegria de um, azar de outro, assim acabava o mundial de 1994
Alegria de um, azar de outro, assim acabava o mundial de 1994

O titulo de pilotos foi decidido de uma forma controvérsia, mas o campeonato de construtores foi mais justo com o caneco ficando com a Williams que foi mais regular durante a temporada diante as desclassificações de ambos carros da Benetton em varias provas.

O time de Briatori e Ross Brawn fecho o ano com 103 pontos e o 2º lugar entre os construtores de 1994, o que foi muito bom mediante a uma temporada muito conturbada.

Recente uma das Benettons B194 de Michel Schumacher foi vendida por cerca de R$ 2,3 milhões (€$ 741 mil) em Londres, parte do dinheiro arrecadado foi doado a instituições sem fins lucrativos.

Espero que gostem e até o próximo post

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