Existem carros que mexem com nossas cabeças “Gear Head”, porém poucos deles com nossos corações.
Quando pensamos em F-1, Ayrton Senna é uma das primeiras coisas que nos vem a mente em sua maquina branca e vermelha de vencer corridas.
Em 1991 Senna conquistava seu ultimo titulo mundial, então vamos relembrar o carro que tornou possível tal façanha.
Neil Oatley junto com o time da McLaren chefiado por Ron Dennis, tinha como trabalho desenvolver um novo carro capaz de ganhar mais um titulo para o time de Woking, assim nascendo o MP4-6.
O regulamento daquele ano, previa o uso dos novos motores V12 , no lugar do V10 utilizados em 1990.
A Honda para aquela temporada desenvolveu o RA121-E V12 de 3.5L, potente e com a garantia de qualidade dos japoneses, era o coração do MP4-6.
Já nos testes de pré temporada, Senna e Berger, ficaram incumbidos de testar e sanar os eventuais problemas que o motor Honda pudesse vir apresentar.
As especificações do MP4-6, todas trabalhando em conjunto, permitiram os carros da McLaren ter o melhor desempenho na primeira parte do campeonato, porém já sendo perseguidos de perto pelos seus rivais da Williams, os FW-14.
McLaren MP4-6 1991:
- Chassis: MP4-6, F104W Monocoque em fibra de carbono
- Motor: Honda RA121-E V12 60º, montado longitudinalmente
- Deslocamento: 3493cc, Honda PMG Injeção/ignição
- Transmissão: Weismann/McLaren 6Y manual 6 velocidades transversal
- Potencia: 720cv
- Largura: 2120mm
- Altura: 965mm
- Distancia entre eixos: 2972mm
- Comprimento: 4496mm
- Peso: 505kg
- Combustível: Gasolina Shell de alta octanagem
- Pneus: Goodyear Eagle
- Modelos produzidos: 11
Senna de forma brilhante, ganhou as 4 primeiras provas do ano, mesmo com o antiquado cambio manual, que se mostrou frágil já no GP do brasil, forçando ao brasileiro ganhar sua primeira corrida em casa de forma heroica, utilizando apenas uma marcha.
Os carros da Williams, já com alguns apetrechos eletrônicos e aerodinâmica superior, começaram a se mostrar mais fortes mesmo com o motor Renault sendo ligeiramente mais fraco.
Fatos que fizeram Neil Oatley, redesenhar e aprimorar varias partes do carro, especialmente os sidepods e as asas, tentando melhorar as partes deficientes do MP4-6.
Erros de paradas e falhas eletrônicas nos GPs da Bélgica e Portugal, foram primordiais para as McLarens se manterem na frente, mas ainda fazia que seus pilotos se valessem muito mais de seu talento.
Mesmo as melhorias no chassis e nos apêndices aerodinâmicos, ainda faltava algo que podia fazer os carros de Ron Dennis distanciar dos carros de Adrian Newey, porém a Honda em entrou em ação, com o plano de compensar com a velha e boa força bruta, as deficiências do MP4-6, aumentando no limite a curva de potencia de seu V12, retrabalhando os comandos de válvula e dando um novo sistema de cabeçotes, podendo elevar ou descer a altura, para aumentar o mix de mistura ar/combustível para gerar mais potencia de acordo com as taxas de pressão e compressão do motor, ganhando cavalos de potencia em qualquer circunstância.
As Williams estavam embaladas de vitórias nas provas anteriores, com Mansell 16 pontos atrás de Senna e com chances de adiar o titulo do brasileiro, o GP do Japão chegava com tom de decisão para ambas as equipes.
Gerard Berger se mostrou melhor no sábado, conquistando a pole em Suzuka, deixando a briga ainda mais intensa com Senna e Mansell, largando logo atrás.
A corrida iniciou com Berger distanciando logo no começo, e Mansell colado em Senna, até que na volta 10, o Inglês entrando na primeira curva embutido no vácuo do MP4-6 erra e passa reto, acabando ali o campeonato de pilotos.
Porém ainda tinha muita corrida pela frente, as McLarens aumentam ainda mais a distancia para os carros atrás, com Senna passando Berger, assumindo a ponta, mas na ultima volta tirando o pé, deixou o seu companheiro passar e vencer a corrida, decretando a dobradinha da McLaren em Suzuka.
Até o GP do Japão o campeonato de construtores estava incerto, com a Williams com apenas 1 ponto a frente da McLaren, mas com o abandono de Mansell, e Patrese terminando atrás de Berger e Senna, a equipe favorita dos japoneses, pulava com 11 pontos na frente faltando uma corrida no calendário.
No fim do ano após o GP de Adelaide, os MP4-6 juntos, conquistaram 139 pontos e o titulo de construtores para McLaren, mesmo sendo menos avançados tecnologicamente, se mostraram mais consistentes, revelando mais uma vez que o “conjunto da obra” pode se sair melhor até sobre os melhores dos carros.
Em 1992 o modelo MP4-6/B, foi usado nos GPs da África do Sul e México, conquistando 3º e 4º lugar como melhores resultados, sendo assim trocados pelo MP4-7/A partir do GP do Brasil.
Com 18 corridas, 8 vitórias,10 poles e 148 pontos totais, o MP4-6 foi o ultimo carro de Motor V12 e de cambio manual a faturar um titulo mundial, ficando com seu nome marcado na historia.
Espero que gostem e até o próximo post.
Blow the Engine 